terça-feira, 11 de março de 2008

Basta ter grife para ter cacife


Notícia velha é que nem pizza - fica mais saborosa no dia seguinte. Segundo a colunista Mônica Bergamo (no dia 1 de março), o Cirque du Soleil pagou uma pechincha para sentar acampamento no Parque Villa-Lobos. Economizou, em comparação com a "tabela" do parque do Carmo, algo em torno de R$ 2 milhões. Fosse armar sua tenda no Ibirapuera, gastaria mais de R$ 3 milhões de diferença. A previsão oficial dos circenses era de arrecadar R$ 55 milhões, com uma mentalidade que só pode ser a do "pão de ló e circo". Mas, beleza, o circo deve "agregar valor" ou coisa do tipo. Dizia Marcelo Mirisola que basta um verniz para ser feliz. Iria mais longe: basta ter grife para ter cacife. O Soleil tem aquilo que os paulistanos-leitores-da-Veja-que-não-dão-passagem-ao-entrar-na-garagem-de-seus-prédios mais prezam: prestígio (marketing? É até bizarro pensar que tudo começou com um maleta artista de rua. Acorda, Vila Madalena!). É como o Blue Man Group ou os personagens de Tim Burton: algo de bom gosto, bonito esteticamente, bem feito, mas vazio, vazio... Mas é na superfície que os paulistanos nadam - mantendo aquela distância ridícula do Corolla da frente. Porém, se não vemos a criançada com a cara pintada de azul ou trajada de gótica por aí, o Soleil é uma grande fonte de inspiração para todas as classes sociais, principalmente as mais baixas. Por aqui não faltam malabaristas de farol. "Alegriaaaaa! Dá uma moedinha, tio!" Coitadinho do Circo Imperial da China (tsc, tsc, desperdício de trocadilho com "negócio da China"...).

Um comentário:

Ricardo Pieralini disse...

Aqui no interior, a caipirada também tem Corolla. Mas com DVD e música sertaneja tocando alto. O circo aqui, garotão, é tosco.