sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Quem é essa garota?


Mallu Magalhães? É melhor ler sob a assinatura do Arnaldo Branco (http://www.oesquema.com.br/mauhumor). Essa história de todo mundo torcendo a favor , como ele afirma, é muito ruim para o futuro dela - já li coisas como "(Mallu) desafina horrores, mas convence". Uma garota que começa aos 14 tocando Dylan e Cash só pode regredir, para ser otimista e não entrar no mérito do que esses artistas realmente significam em seu mundo adolescente. Escapismo é pouco e, na boa, sou mais achar Sid Vicious e Keith Richards "os caras" quando as espinhas te fazem companhia. É por aí, do zero, do rompimento ilusório com o mundo adulto e intelectualizado, que Mallu poderia construir uma personalidade forte que aguentasse o baque que vem a seguir, quando finalmente se der conta que o hype foi longe demais (vide Planeta Terra). Mallu tem pela frente somente a frustração de nunca se igualar a seus ídolos. Com o agravante de ter a cinta imaginária do pai para lhe açoitar. Há uma identificação neurótica de parte da crítica musical com ela. Essas lacunas que os jornalistas precisam preencher vão fazer mal à carreira da garota. Não precisamos de uma Cat Power, certo?

sábado, 13 de setembro de 2008

Fúria


Se tornou um hábito: sempre que bebo com o Ricardo Perrone, da Folha, brindamos com a frase "To all my friends". Um hábito frequente, diga-se. A citação é do filme Barfly, que o convenci de ver em um cinema que ficava na Brigadeiro Luis Antônio, quase na Paulista, ao lado do lendário Sandália de Prata. Roteiro baseado na obra de Bukowski, Mickey Rourke como protagonista e Faye Dunaway ainda com um belo par de pernas. Perfeito para aquele 1987. Saimos direto da sala - até porque Perrone quebrou a cadeira (era um extra-large na época) - e atravessamos a rua até o Annabelle para tomar uns chopes. Era irresistível ver o filme e encher a cara em seguida. Fiz isso algumas vezes. Isso diz respeito tanto pela atuação de Rourke como pela nossa sede insaciável - e a bebida sempre foi a razão de nossa amizade, sei disso.
Contudo, a embriaguês do personagem invadiu a carreira do ator, que se submeteu a filmes horroroso e situações vexaminosas (pô, o cara toma um pau do Van Damme no filme a Colônia! Esse vídeo http://www.youtube.com/watch?v=eC_YVUN_SvM mostra uma festinha do elenco - Rourke diz que o lutador é melhor que De Niro e, aos 2:40 minutos, é beijado na boca por Van Damme! Deus do céu!). Tentei preservar ao máximo sua atuação em Rumble Fish, meu filme favorito, na memória e dei por encerrada sua participação na minha vida. Até que o cara reaparece no Festival de Veneza. No início, seu rosto aparecia em sites e jornais como uma piada, como "o gostosão de 9 e 1/2 Semanas de Amor de ficou horroroso depois de fazer plásticas". Pouco depois, ele era a manchete da Ilustrada, na reportagem do Ivan Finotti. Ele atribuia seu "afastamento" de Hollywood à "fúria".
Algumas de suas lutas estão disponíveis no YouTube - nenhuma memorável. Mas sua história como pugilista é bem interessante. Treinou na mesma academia de Muhammad Ali, na mesma época, e fez sparring com Thomas Hearns e Roberto 'Mano de Piedra' Duran, alguns dos maiores pegadores do esporte (veja no site http://news.bbc.co.uk/sport1/hi/boxing/4589951.stm).

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Questão de classe


Vi ontem (9), no site do Matias (www.oesquema.com.br/trabalhosujo), o... err... episódio Ed Motta, Frejat, Álvaro Pereira - calma, como se não bastasse tudo aconteceu no programa do Serginho Groisman. Fiquei tão perdido que pedi ajuda para o elefante cor-de-rosa que estava passando na redação. Aí, o Ricardo Alexandre (www.causapropria.com.br) tratou do assunto. Entendi, mas confesso que fiquei ainda mais triste por ter trabalhado com essa classe. Me senti um violador de cadáver. Bizz, descanse em paz e nos perdoe por tudo.

domingo, 7 de setembro de 2008

Um grande garoto




Hoje (7/9) começou a exposição do fotógrafo Thomas Hoepker na Galeria Papparazi, cuja principal atração são as fotos de Muhammad Ali feitas em 1966 - no painel na Av. Pedroso de Moraes (a "galeria" fica na rua mesmo ou eu sou um ignorante?) está escrito 1976, o que não condiz com a imagem do pugilista. Nem cabe aqui falar da importância de Ali na história ocidental do século 20. O que chama a atenção é a relação entre ele e o fotógrafo, registrada em imagens que mostram a intimidade do "Maior de Todos". Nas fotos, ele parece apenas mais um esportista, carismático, de fato, mas sem a pompa e a valentia que costumava exibir em entrevistas da época. Fico pensando como foi para o alemão Hoepker lidar com os muçulmanos radicais que cercaram Ali assim que ele conquistou o título dos pesados - e se alguns assessores de artistas e personalidades de hoje não são piores que esses racistas às avessas, se é que esse conceito existe.
Cronistas especializados à parte - que ainda produzem textos e análises excelentes sobre o boxe (leia uma The Ring quando tiver oportunidade), foi Ali quem elevou o esporte à condição de arte e entretenimento para as "pessoas comuns". A plasticidade e dramaticidade do pugilismo encontraram nele o canal perfeito. E chega a ser surpreendente como alguém que foi extremamente controverso em sua época, hoje seja reconhecido como uma das figuras mais queridas e extraordinárias ainda vivas. Instintivamente, ele construiu uma persona pop inigualável, quando o pop ainda usava franjinhas à Beatles. As imagens que você vê aqui foram reproduzidas pela Kátia Zanardo.

P.S.: Críticas ao boxe nunca vão faltar. O mal de Parkinson que Ali sofre seria (pode ser que seja) uma consequência da brutalidade enfrentada no ringue - e quem assistiu ao terceiro combate entre Ali e Frazier presenciou um nível extra de brutalidade. Mas o boxe (ainda) não perdeu um Ayrton Senna ou desfigurou um Niki Lauda.