domingo, 7 de setembro de 2008

Um grande garoto




Hoje (7/9) começou a exposição do fotógrafo Thomas Hoepker na Galeria Papparazi, cuja principal atração são as fotos de Muhammad Ali feitas em 1966 - no painel na Av. Pedroso de Moraes (a "galeria" fica na rua mesmo ou eu sou um ignorante?) está escrito 1976, o que não condiz com a imagem do pugilista. Nem cabe aqui falar da importância de Ali na história ocidental do século 20. O que chama a atenção é a relação entre ele e o fotógrafo, registrada em imagens que mostram a intimidade do "Maior de Todos". Nas fotos, ele parece apenas mais um esportista, carismático, de fato, mas sem a pompa e a valentia que costumava exibir em entrevistas da época. Fico pensando como foi para o alemão Hoepker lidar com os muçulmanos radicais que cercaram Ali assim que ele conquistou o título dos pesados - e se alguns assessores de artistas e personalidades de hoje não são piores que esses racistas às avessas, se é que esse conceito existe.
Cronistas especializados à parte - que ainda produzem textos e análises excelentes sobre o boxe (leia uma The Ring quando tiver oportunidade), foi Ali quem elevou o esporte à condição de arte e entretenimento para as "pessoas comuns". A plasticidade e dramaticidade do pugilismo encontraram nele o canal perfeito. E chega a ser surpreendente como alguém que foi extremamente controverso em sua época, hoje seja reconhecido como uma das figuras mais queridas e extraordinárias ainda vivas. Instintivamente, ele construiu uma persona pop inigualável, quando o pop ainda usava franjinhas à Beatles. As imagens que você vê aqui foram reproduzidas pela Kátia Zanardo.

P.S.: Críticas ao boxe nunca vão faltar. O mal de Parkinson que Ali sofre seria (pode ser que seja) uma consequência da brutalidade enfrentada no ringue - e quem assistiu ao terceiro combate entre Ali e Frazier presenciou um nível extra de brutalidade. Mas o boxe (ainda) não perdeu um Ayrton Senna ou desfigurou um Niki Lauda.

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