quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Quer pagar quanto?


Por ano, os sul-coreanos gastam 526 dólares por cabeça. Os brasileiros, meros 53 cada cabeça achatada. Que diferença, hein?! E não se trata de iguarias como insetos tostados, molho agridoce ou qualquer outro esteriotipo gastronônico que utilizamos para definir esses japas... Estamos falando de sexo - de sexo pago para ser exato. Mas aquele sem trocas de fluidos, feito no conforto do lar, na frente do computador, das revistas (aí é no desconforto do banheiro) e dos televisores - apesar da popularização das TVs de plasma. Uma pesquisa da empresa americana Internet Filter Review aponta o Brasil na quinta colocação, atrás dos campeões da modalidade "Punhos de Aço", os sul-coreanos, dos japoneses (ê japaiada!), dos finlandeses e dos australianos. Por conta dessa posição no ranking, a Playboy deve lançar o sexto canal adulto (como se a CNN fosse pra adolescentes) no país.
Bem, a notícia publicada na Folha deve ter esquecido de avisar que os Estados Unidos estavam fora da disputa. Afinal, a indústria pornográfica de lá só deve perder para a bélica - fazer amor sempre foi mais aterrorizante para os americanos do que fazer guerra. Até desconfio que a famosa foto da menina vietnamita correndo cause mais desconforto no mundo politicamente correto de hoje por causa do corpo desnudo do que pelas queimaduras. Mas o futuro só ao Brasil pertence, então falemos de nós, abençoados por Deus e bonitos por natureza.
Sexo por aqui é uma coisa "muito natural", que "acontece", que "não é o mais importante na relação", que "faz parte", que "precisa ser feito com amor". Ah, vá?! Os gringos, enganados pela promessa de tour pelas alcovas tupiniquins, descobrem rapidinho os caminhos para as termas, os puteiros, as casas de tolerância, de burlesco ou seja o que for, para sentir o sabor nacional. E ainda tem aquelas amigas que acham os europeus mais maduros ou menos machistas do que os pobres brasileiros sem dinheiro.
Sexo pago, a negociata por excelência, ali, no cash, a título de satisfação garantida - ou fingida, dá na mesma - é nojento para certas mulheres. "Com tanta vagabunda querendo dar de graça por aí", se exaltam, fazem pouco caso. Mas se o mundo virou uma putaria, elas esquecem que as profissionais da picardia é que saem ganhando - literalmente. Pagou levou, sem nota, CCDA, três vias, imposto de renda, CPMF, oposição e situação brigando no Senado. Que mal há nisso? Sacanear é um esporte nacional, então a sacanagem é nosso cartão de visitas, a amarelinha que nos representa no campo, na cidade, nas planícies e no cerrado.
Pagar por sexo é como pagar por comida. Sua mãe pode fazer para você de graça, mas não fica bem marmanjo ficar encostado na velha. Às vezes é legal colocar a mesa no quintal.

Um comentário:

Ricardo Pieralini disse...

É a puta que nos pariu, Marsiglia. Abraço.